segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tenho orelhas de abano

Tenho orelhas de abano. Vocês podem até não perceber, mas eu tenho. Não operei, minha mãe colava minhas orelhas no meu couro cabeludo com uma fita crepe, quando eu era bebê. Fico imaginando meus cabelinhos finos sendo arrancados junto com a cola da fita... Ainda bem que nem me lembro disso. Mas ela se orgulha em contar. Acho ótimo: jamais entraria numa sala de cirurgia para reparar minhas orelhas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Ao leo

Vírus mutante
Droga ilícita
Vicia minha gana
Trancende o real
Me leva contigo?

Constrói nosso lar
Arquiteta minha vida
Me ame muito
Divirta-se comigo!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Para sempre, só sua

Da percepção de outrem

Fala, fala, fala. Não ouve. Quem quer que saibas mais de mim do que eu próprio? Do meu próprio eu?

Do olhar pra si

A dificuldade de ver e de se enxergar. O reflexo do espelho mente e engana a mente. O rosto bonito não quer deixar o olhar ultrapassar.

Da hora da verdade

A dor e o desespero, de cada máscara que cai, de cada resquício que habita ali. O baile não é mais a fantasia, e a vida não é só uma festa.

Da introspecção

Ir no mais profundo e no mais podre de si mesmo. Investigar, futucar. Arrancar a casca e deixar sangrar. Admitir-se.

Da fé em Deus

A crença Nele fortalece as inseguranças. Dá-me ação. Farei em tudo com cada mão. Pensarei também com o coração.

Do feito

Mudar um defeito sem ser perfeito. Medir sem fim, equilibrar-se assim. Para sempre, só sua.

Ode à mulher

Trejeitos de moça
Mão no cabelo
Pescoço à mostra
Rosto iluminado
Contorno do corpo
Vejo
Ao longe
Observo
Contemplo
O sorriso do seu olhar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Perto Demais

Teu cheiro entranha
Em minha pele
Empesteia meu travesseiro

Tua voz agoniza
Em meu ouvido
Perturba meu sono

Teu jeito apresenta-se
Em meu olhar
Aparece em meus trejeitos

Teu corpo fala
Em meus pensamentos
Sacode meu corpo

Tu és tu
Em minha vida
Ativa contigo

Tua presença se esvaie
Em meu dia-a-dia
Por que o amor não basta?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ensaio sobre a ironia

O gosto da solidão
O só, o sol, o dó
Sintonia de uma ânsia tranqüila
Requinte secreto
Eco da saudade
Desprovido de gozo
Permitido ao instinto

Em saio
Inacessível e simples.